quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Adega D'ouro - Vicente de Carvalho

Sempre ouvi comentários elogiosos a respeito da Adega D'ouro. E era o Carlos Rebelo, o Iracundo, quem mais falava com emocionante entusiasmo. Ressaltava o espetáculo que era os garçons derramarem desbragadamente o azeite sobre a comida e o quanto o bacalhau era espetacular. Sempre após o relato ele mergulhava num silêncio profundo, como que lembrando de coisas que não quisesse dizer. Eu ficava admirado com aquela reação. E sabem como é papo de botequim e principalmente de Cariocas, sempre terminava com um vamos marcar, pô!.

A casa funciona desde a sua inauguração, em 1966, no mesmo endereço em Vicente de Carvalho. Com a ótima, farta e única receita de bacalhau servida e seus espetaculares bolinhos, desde aquela época ganhou notoriedade. Na parede próxima ao balcão de madeira em formato de jota invertido há reportagens e fotografias antigas.

Não se espante, é da forma como disse acima, só há um prato de bacalhau, denominado "à moda da casa", o que varia são os tamanhos: executivo, meio e completo, e são todos muito fartos. Como eu fui sozinho, pedi o executivo. Este é indicado para duas pessoas, para quem quer levar um pouco pra casa ou para quem come a beça mesmo. E sempre abram a mesa com alguns bolinhos, na proporção de pelo menos dois para cada pessoa, já que o bacalhau não demora muito a sair. Vantagem excepcional de se trabalhar com este sistema de prato único.

A apresentação é a seguinte: bacalhau empanado frito, batatas cozidas na água do bacalhau e a salada de cebola, tomate, palmito juçara do tipo "tolete", aquele grosso (grafado também como jussara) e azeitonas pretas.

Os bolinhos são realmente fenomenais no sabor, aparência e recheio. Extremamente consistentes, pois, são "bem apertados" durante a feitura, conforme disse a Dona Natividade, esposa do atencioso Seu Neca, o proprietário do lugar. Cada bolinho pesa cerca de sessenta gramas e tem uma azeitona preta com caroço dentro, cuidado!. 

O criador do prato foi o Seu Manuel, o Chacrinha ( in memoriam ). Que também detém o mérito da receita do bolinho.

Há vinte anos mandando da cozinha para as mesas e balcão os generosos pratos e os substanciosos bolinhos, está o José Renato, mais conhecido como Bigode. Nas fotografias antigas pode-se conferir o quão portentoso era o bigode do cara e que com certeza causaria inveja em Nietzsche. Atualmente é menor e faz extensão com um cavanhaque. Não me contive e procurei saber o motivo de não ostentar mais o consagrado bigode:

 "_ É pra minha mulher não enjoar. É preciso mudar o visual."


Aí está a fera, que com a manha de ficar mudando o visual mantém o casamento com a Dona Jaqueline bem sólido. Já são vinte e três anos juntos, desde o namoro. Vale filosofar: mudar para manter!


Mais um que dá aula de simpatia e cordialidade é o garçom Julinho da Adelaide, que na verdade se chama Luiz Guilherme, está há dez anos na Adega.


Dona Natividade e seu olhar atento. A varanda com várias mesas lotadas. O balcão. ( Pena a foto ter saído ruim, depois modifico e incluo alguma com os bolinhos que esqueci de fotografar. )


Fui à Adega três vezes em uma semana. Na primeira, numa noite de Quinta-Feira, apenas bebi cerveja, comi três bolinhos e meia salada de palmito, que é enorme!. Enquanto ia sentindo o clima da casa. É incrível a quantidade de pessoas que passam para comprar bolinhos e levar para casa. 

Conversei com o Seu Neca que me explicou a composição do prato e recomendou que sozinho eu deveria pedir o executivo. 

Voltei no dia seguinte para almoçar. Deixei para ir num horário o mais adiantado possível, aguentei até as 14:00 e me pirei de Acari para lá. Ao me aproximar vi todas as mesas da varanda ocupadas e foi inevitável pensar que o acolhedor balcão estaria abarrotado, que nada! Ninguém no balcão! Oba!

Sentei-me na penúltima posição do fundo. Pedi uma tônica, o executivo e fiquei curtindo o movimento. Dali via pratos e pratos serem colocados na janelinha e os garçons passando e recolhendo-os para distribuição dos pedidos. 

Num golpe de muita sorte, quando o meu ficou pronto, fui servido pelo próprio Bigode que de forma solene dispôs a toalha de papel e os pratos, meio solene guindou uma maciça posta de bacalhau, uma batata e pôs num prato, para em seguida, com leve brutalidade dar uns golpes com o garfo para que se espatifassem um pouco e derramou o azeite generosamente, bateu com a lata no balcão, me desejou bom apetite e voltou para a cozinha.


Lá usam duas marcas de azeite, Serrata e Mondegão. No balcão só tinha o Serrata, perguntei se havia algum Mondegão dando sopa e logo o Bigode pegou uma lata zero-bala na dispensa para me servir.



Agradeci e comecei a comer. Realmente é excelente, a fama está muito bem justificada. O bacalhau bem dessalgado, a batata no ponto e com a simples manha de ser cozida com uma das águas do demolho, simples assim, mas que muitos lugares negligenciam de forma inaceitável. Comi com prazer, com certeza voltaria, e voltei. Mas não foi para comer, queria apurar a questão do bigode do Bigode, aproveitei e bebi uma gelada. 

Durante todo o ano vende-se massa para bolinho, bacalhau salgado, dessalgado e semi-pronto. Com a aproximação das comemorações de fim de ano a procura aumenta muito, assim como também a demanda de vários grupos que querem fazer lá seus banquetes de confraternização. Por isso, nesta época são contratados três funcionários temporários para ajudar a dar conta do alto movimento.

Serviço desta matéria:

Bacalhau executivo - R$70,00
Bolinhos - R$3,00 a unidade
Cerveja - R$7,00 a Heineken. Existem outras opções e talvez alguma variação de preço
Massa para bolinho - R$40,00 o quilo. Do jeito da Adega, dá pra fazer dezessete unidades.

Meia salada de palmito - R$19,00

Faça contato com eles para maiores informações e atualizações de preços:

Telefone: 21-24821571

Aceita cartões de débito e crédito

Funcionamento:

Segunda à Sexta - das 08:00 às 22:00
Sábados - 08:00 às 24:00
Domingos - 08:00 às 16:00

Localização:

Avenida Pastor Martin Luther King Jr , 6031 loja A ( antiga av. Automóvel Clube )
Referência: Ao lado da estação do metrô

Estacionamento: Sei lá!













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