domingo, 6 de outubro de 2013

A Busca

É difícil dizer desde quando tenho vontade de escrever e mostrar - Sempre fui assombrado pela dúvida ou agraciado por ela desde menino, pré-adolescente, adolescente, pré-adulto, e agora adulto. Assim continuarei até virar pós-menino. Seja por uma inclinação natural à Filosofia ou por ter nascido sob o signo de Gêmeos - nunca soube ao certo como, sobre, para ou por quê.

Muitas idéias vieram e se foram velozes como fogos-fátuos. Outras permaneciam boiando, aguardando resgate e atenção, que ao menos fossem transportadas para algum rascunho e deixados em algum canto tal qual fazemos com fotografias ordinárias, que jazem entre páginas de algum livro ou coisa que o valha, e que sabemos não folhearemos ou jamais tocaremos novamente, mas que nunca estavam à mão e que eu não corria para providenciar.

A impressão - não certeza - que tenho, é que estas idéias ainda estão em mim, em algum escaninho do grande arquivo-central-cerebral. Preciso chegar até ele, aspirar o pó e vasculhar os cantinhos. Mas, e se este arquivo estiver inundado? Melhor levar um escafandro. Se estiver incendiado? Não titubeio, faço as vezes do aspirador de pó e mando as cinzas narinas adentro, acreditando sempre que a droga que produzi é boa, que vai dar onda, que colocarei as coisas no papel e que você vai consumir, seja lá o que for. Daí o nome do blog: Por Todo Canto. Em cada canto - geográfico - várias coisas, até mesmo canto - sonoro - pode haver palavra, gestos, cheiros, paladares, arrepios, gozo, redenção, vingança, choro, sorriso, apreensão, devaneio, embriaguez, brasa, farelo de pão, batom quebrado, abelhas, limão, fumaça, etc. Em cada canto pode haver uma só coisa, sim, e podemos inventar caso só haja o canto, o que é o primordial. O canto é a possibilidade, é tangível, é macro, é o que permite.


O canto é sempre um bom lugar, conforta. É refúgio, personifica o anseio de solução ou a vontade de prolongamento de um estado físico ou emocional, ou ambos. Pense nas vezes em que estando aborrecido, cansado, apreensivo, com vontades homicidas ou piores, você dizia de si para si ou para outro: Tudo o que eu preciso é ficar sozinho no meu canto.

Isso vale para as situações boas, claro. Você está muito feliz, sozinho ou não, e qual a vontade? Permanecer ali naquele canto, com aquelas sensações.

Seja bem vindo este Canto é nosso.

Ronaldo Dias

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